Hoje, devido ao
fluxo intenso de rostos desconhecidos na região, moradores, trabalhadores,
entregadores, freqüentadores e consumidores, o modo metropolitano de vida e o
avanço da urbanização, a Santa Cecília encara uma relação de frieza e
indiferença por parte de seus moradores. É um fenômeno de dissociação, e é
considerado um processo inerente a metrópole. O ritmo acelerado de mudanças no
ambiente tem dificultado a os vínculos entre a cidade e seus habitantes,
impedindo o comprometimento e o sentimento de pertencer a algum lugar, como parte
integrante do coletivo social. Em conseqüência os habitantes se perdem de si
mesmos a partir da falta de identificação em relação ao ambiente em que vivem.
O sentido de
pertencer ou de se reconhecer no bairro faz com que seus habitantes assumam a
paisagem como algo seu, algo com que se identifiquem de forma coletiva. A falta
dessa associação positiva entre a cidade e o cidadão faz com que, o
distanciamento aumente, eximindo o cidadão de suas responsabilidades sobre ela.
O
projeto propõe, por intermédio da arte, uma participação ativa da
população, a fim de resgatar a afinidade e intimidade com este bairro centenário
da cidade de São Paulo. Vem articular os conceitos de vizinhança, vínculo,
parentesco e freguesia, produzindo profundos enraizamentos, em direção a lógica
de reunir o que está disperso.
A
exposição coletiva promove um mosaico da paisagem da Santa Cecíla, a partir do
repertório imagético de 10 artistas. Um microcosmo passível de interpretação,
onde o visitante se reconhece.
“Só a inteligência e o trabalho de
um grupo (uma sociedade de amigos de bairro, por exemplo) podem reconquistar as
coisas preciosas que se perderam, enquanto são reconquistáveis. Quando não há essa
resistência coletiva, os indivíduos se dispersam e são lançados longe, as
raízes perdidas, o bairro é implodido, deixando apenas resíduos no espaço.” Aluísio
Wellichan Ramos (mestre e doutor de geografia pela Universidade de São Paulo)
Mariane Bonarde (Curadoria)
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